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"Escrever é uma ociosidade Atarefada" -Goethe

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terça-feira, dezembro 13, 2005

Azul

Alguma vez já se perguntou
Se o amor lá tem cor.
Mas nunca com olhos enxergou

A cor do amor não se vê
não se pode tocar ou sentir
mas pode-se ouvir e cheirar

mas cheirar algo abstrato
pode parecer em tanto louco
e cheirar uma cor, mais um pouco.

De fato, o céu não é azul?
Não pode respirar e cheirar?
Mas diga-me se podes tocá-lo.

O amor tem cor azulada
Como o céu, e veja, mais nada
Na natureza tem cor tão rara.

Veja também que cai bem
Tanto numa mulher
Quanto cai bem num homem

Porque uma estrela nova é azul
Deve ser porque ainda é forte
É pura, quase eterna como o amor

Uma chama intensa, queimando para sempre
Uma brisa suave que se desprende,
Diga-me se não é azul?

Também se não fosse ela amor
Porque Deus usaria tal cor
Para pintar o céu e a terra?

Para seu cheiro é Azul
Forte como uma estrela nova
Quente como brasa ardente
Tão infinita quanto o céu
Pois você tem cheiro de Amor.


(Thomas J. P. Lopes, 20020605 - Palágrimas [2002])

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Deserto

Notas escoam
Por entre os dedos
Os quais não deixaram
A natureza moldar

Palavras ecoam
Por vales desertos
Onde nada e ninguém
Poderá escutar

Imagens se vão
Por lembranças remotas
De um tempo sem tempo
Que ninguém vai lembrar

E eu vago sozinho
Por lugares desconhecidos
Por que no seu coração
Eu não pude morar

Agora sinto arrepio
Mas esqueço do frio
Por não poder neste deserto
Nem ao menos pensar.

(Thomas J. P. Lopes, 20020604)

sábado, dezembro 10, 2005

Vida Escrita

Toda a minha vida
Passa diante de meus olhos
Todos os dias pela janela
Vejo passarem-se em sonhos

Sonhos e mais sonhos
Somente matéria imaterial
Não posso tocar nem provar
Apenas faço delas meu ideal

Meu passado é surreal
E negros foram todos meus dias
Duma escuridão tão escura
Quanto as ouvidas respostas frias.

E num único momento fez-se verdade
Tão rara quanto minha alegria.
Minha vida só teve um sentido
Quando transformou-se em poesia!

(Thomas J. P. Lopes, 20020604 - Palágrimas [2002])

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Doces lábios

Foram doces lábios como seus
Que assim me deixaram
Deram-me um viver constante
E meus dias com sentido contornaram

Como a gélida gota noturna
Arrepiaram-me seus lábios-mel
Tão doce e tão gelada que
Queimou-me tal estrela-do-céu.

Doces lábios, esses que beijei
Lábios tão doces quanto podem.
Neles todo sorriso se prende
E todas as tristezas morrem....


(Thomas J. P. Lopes, 20020604)

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Mundo Moderno

Amigas ao telefone

- Oi, me conta como foi o encontro de ontem a noite?
- Horrível, não sei o que aconteceu...
- Mas por que ? Não te deu nem um beijo ?
- Sim... beijar, me beijou. Mas me beijou tão forte que meu dente postiço da frente caiu e as lentes de contato verdes saltaram dos meus olhos...
- Não me diga que terminou por ai ...
- Não, claro. Depois pegou no meu rosto entre suas mãos, até que tive que pedir que não o fizesse mais, porque estava achatando o botox e me mordia os lábios como se fossem de plástico... ia explodir o meu implante de colágeno e quase sai o mega hair!!!!
- E... não tentou mais nada ?
- Sim, começou a acariciar minhas pernas e eu o detive, porque lembrei que não tive tempo para me depilar. E além do mais, me arrebatou com uma luxúria e estava me abraçando tão forte que quase ficou com minhas próteses da bunda nas suas mãos e estourou meu silicone do peito...
- E depois, que aconteceu ?
- Aí então, começou a tomar champagne no meu sapato...
- Ai, que romântico...!!!
- Romântico o cacete! Ele quase morreu!!!
- E por que?
- Engoliu meu corretor de joanete com a palmilha do salto...
- Nossa, que ele fez ?
- Você acredita que ele broxou e foi embora? Acho que ele é viado.
- Só pode!

Luis Fernando Veríssimo

Bonina Menina

De vermelho o céu se põe
E imitando a beleza
De seus carnudos lábios
De seus olhos diamantes
À luz poente reluzem
Todo seu brilho é pouco
Comparado ao de olhos teus

Seu corpo me faz viajar
Até lugares por onde
Ainda nem passei perto
Ao imaginar-te em frente
Ver-te as curvas e detalhes
Medir você com a distância
Que há entre o céu e a Terra.

Não vá pra fora pra não
Fazer brilhar pouco o Sol
Teu rostinho de menina
Faz-me lembrança do Jardim
D’Aquela linda bonina
Que perfumes adormecem
Pois me instigam ao sonho

Doce como teu perfume
Odor gostoso de sentir
Saboroso igual ao
Cheirinho de pão-assado
Nas frias tardes de inverno
Muito chocolate quente
E cachecol no gogó

Com palavras, desenhar-te
Descrever-te com meu sentir
Com meu sorriso chamar-te
Olhar-te com meu coração
Planto a semente do amor
Regando-a com saudade
Adubando com desejo

O vento que me refresca
São como tuas palavras
As que sempre me acalmam
Na sexta-feira à noitinha
É que começa a semana
E termina no domingo
Como se fosse a morte.

A noite cai como manto
Cobrindo seu lindo rosto
Extinguindo a fonte-luz.
Esperar por você é como
A ânsia de poder respirar
Ou perder de vista aquele
Trem que não voltará mais...

(Thomas J. P. Lopes, 20020603 - Palágrimas [2002])

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Felicidade?

O que é um sorriso
Comparado a um choro
Se depois de todo choro
Sempre há um sorriso?

O que é uma angústia
Comparada à desgraça
Se quando ela passa
Se vai por uma astúcia?

Como vou ser feliz
Se em toda verdade
A desejada felicidade
Eu nunca realmente quis?

(Thomas J. P. Lopes, 20020523 - Palágrimas [2002])

Poemeto erótico

Teu corpo claro e perfeito,
- Teu corpo de maravilha,
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa...flor de laranjeira...

Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...

Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...

Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes

É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama...

Volúpia de água e da chama...

A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...

Manuel Bandeira
em Poesia Completa e Prosa

domingo, dezembro 04, 2005

Vazio (I)

Um vazio repleto de idéias
Uma vaga condução apertada
Como vazio é o vácuo da atmosfera.

Mente vazia como um cópo d'água.

Um peso, uma angústia, um
Mundo sobre minha cabeça
Um fardo pesado, tal num
Momento triste, solitária fraqueza

Onde estás, Oh alegria, onde estás?

Onde está o Sol que iluminara
A menina de meus olhos?
Onde está a flor que aromava
Minha volta?

Só vejo discórdia e desejo
De vingança
Um véu de medo e tristeza
Recobre a esperança.
Sufoca-me tal algema
À seu encarcerado.

Tudo cinza, tudo preto, tudo grafite.
Não há cor, nem brilho nem luz.
Tudo trevas, tudo sombras
Desejo de morte, escape, fugere.

Janela sem frestas, sem vidros
Céu sem estrelas, mundo sem ar.
Romance sem amor
Felicidade sem Dor.
Dor sem felicidade.

Presença sem vontade
Encanto sem saudade
Morte sem sorte

(Thomas J. P. Lopes, 20020522 - Palágrimas [2002])

sábado, dezembro 03, 2005

Carpe Diem

Viver a vida intensamente
É viver somente o presente
Somente o agora

Sentir como último o momento
Retirar o amanhã do pensamento
E ontem, jogue-o fora

Não se pode viver o futuro
E tão quanto passo é escuro
À luz do dia, noite afora

Sentir os pássaros a cantar
ouvir a tua vida a voar
carpe Diem, sem demora...


(Thomas J. P. Lopes, 20020523 - Palágrimas [2002])

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Desencanto (ou a fonte do encantamento)


Eu faço versos como quem chora
De desalento, de desencanto
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto
Meu verso é sangue,volúpia ardente
Tristeza esparsa, remorso vão
Dói-me nas veias, amargo e quente
Cai,gota a gota do coração
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca
-Eu faço versos como quem morre


"Pertenço à fase heróica da tuberculose. Foi através dela que construí minha poesia. Não fiz versos por ser poeta".

Manuel Bandeira

Verdade ou Desafio?


"Difícil dizer o que é verdade, mas às vezes é fácil identificar a mentira."

Mi Dulce Mama

Querida mamãe querida
Obrigado, muito obrigado!
Por um dia ter me dado
Esta maravilha, qu’é a vida.

Quando ainda era bebê
Você nem sequer dormia
E quando à mim sorria
Nem sabia quem era você

Mamãe, doces lembranças
Qu’eu tenho bem guardado
Sempre estavas ao meu lado
Quando eu fora uma criança

E quando eu tinha meus medos
Você comigo à noite ficava
E no dia seguinte trabalhava
Para dar-me alegria, brinquedos...

Me promoveu o ensino
Para o melhor aprender
E um dia deixar de ser
Simplesmente um menino

Sempre tentou me mostrar
Que quando jovens aprendemos
Mas somente maduros compreendemos
O que vivia a nos falar.

Agora já estou crescido
Sempre a me esforçar
Como vou demonstrar
Que estou mui agradecido

Como queria eu poder
Lá no alto alcançar
E Uma estrela pegar
E aqui te oferecer

Chegar ao fundo do mar
Afundar como uma pedra
Para colher lindas pérolas
Para fazer-te um colar

Vejo que é impossível
Igualar amor assim
Como o que tens por mim.
É Dulçura inesquecível!

Nunca poderei recompensar
Tudo aquilo que me deu
Mas saiba que em teu
Coração será eterno morar

Este sentimento tão doce
Que quero a ti demonstrar
Quanto devo e quero amar
Minha querida, mamãe Dulce.


(Thomas J. P. Lopes, 200205092000 - Palágrimas [2002])

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Nuvens

Nuvens são algodão-doce
Para os olhos de uma criança
Que já não tem infância
Que já não tem esperança

Se real ainda fosse
Daria à pequena, confiança
De abraçar sua inocência
E nunca deixar de ser criança.


(Thomas J. P. Lopes, 20020508 - Palágrimas [2002])