Um domingo a tarde
E eu vi o que sempre
Quis ver.
Mesmo que isso não me
Fizesse bem, eu vi.
Vi o que queria.
Vi o que desejava.
--------------------------------------------------
Agora enquanto escrevo isto,
Quero chorar mas não consigo.
Talvez minha vida seja bela
Demais para eu ter motivos
De chorar, para chorar.
Quero sentir dentro de
Mim, alguma tristeza,
Alguma mágoa, não muito
Profunda, mas que penetre
O suficiente para jorrarem
Palavras, como o petróleo
que jorra de um poço.
Como o petróleo, que minhas
Palavras sejam negras, escuras
como a noite, como as
Trevas.
Que traga felicidade a alguns
Desgraça e sofrimento a outros.
Que encha os bolsos dos loucos, que mate de fome
Os que serão saciados.
Que satisfaça os desejos
Daqueles aflitos que nunca viram o sol brilhar,
Que esperaram algo que
Nunca veio, mas que um Dia,
Concerto, virá.
Que minhas palavras
Venham como as lágrimas,
Sejam de tristeza ou de
Felicidade, que curem as
Feridas rasgadas que gotejam
A vida em toda a sua forma.
Que minhas lágrimas molhem
O roteiro que rege todo esse teatro,
que confunda, que desorganize,
Que faça.

(Thomas J. P. Lopes, 20021127 - Palágrimas [2002])