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sábado, novembro 05, 2005

Purgatório

Correria, suor e cansaço.
Solidão, angústia,
Egoísmo e falta de espaço.

Qual será a dor
Necessária para que
Tudo de transforme em amor?

Porque eu sou assim?
As vezes ajo sem coração...
E me torno tão ruim.

Nem mesmo eu sei
Se suportaria a chatice
Do homem que me tornei...

Alimentado do medo.
Vivendo escondido sentindo.
Cutucar uma ferida com o dedo.

Vá, meu Deus, me responda!
O que fiz para merecer
Esse castigo que me sonda?

Não importa para onde vou,
Me persegue como o caçador.
À sua caça, é o que sou!

Qual será a dor que me liberta?
Será uma cobra venenosa,
Que me espreita de boca aberta?

Ou um leão faminto,
Que me devorará e nisto...
Ele será muito sucinto.

Não pensará duas vezes!
Aliás, era isso que devia
Ter feito há alguns meses...

Se não fosse algo que fiz,
Não estaria aqui agora:
Esperando chegar o almofariz.

Que me fará ir aos céus
Ao menos para ser julgado
E condenado por Deus.

Ao qual não fui agradável
Quando optei pela dureza
E deixei de me tornar amável.

Oh! Céus, tenham misericórdia!
Não me joguem na fogueira,
Mas sim junto à escória

Que batalha pelo seu perdão,
Chorando e sofrendo todos os
Dias que não terminarão...

Até que sejam purificados.
Até que o sofrimento
Limpem-lhes todos os pecados.

Oh! Senhor, não quero sofrer!
Mas o mundo me torna assim!
O próprio mundo me faz morrer...

O mundo vai me afastando
Da vossa presença e da
Alegria, meus sentimentos sufocando.

“Porque faz da minha grandeza
A humilhação dos outros”
Já dizia o escritor da francesa.

Mas não adianta chorar.
Molhar com as lágrimas
O caminho onde vou passar.

Oh! Quanto tempo senti,
Senhor, não afaste-se!
Fique. Aqui, sem aqui.

Preciso da vossa presença:
Que traz toda a vida,
E que sempre me sustenta!.

(Thomas J. P. Lopes, 20020423)